Introdução
No Congresso Anual da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (ESMO), foram apresentados os resultados de dois estudos de fase III que testaram estratégias de tratamento distintas para mulheres com câncer de colo do útero recém-diagnosticado e localmente avançado. Esses estudos trazem novos padrões de cuidado para essa população de pacientes, representando um avanço significativo no tratamento dessa doença.
Estudo 1: Integração de bloqueio de checkpoint com pembrolizumabe
No primeiro estudo, a integração do bloqueio de checkpoint com pembrolizumabe (Keytruda) à quimiorradioterapia concomitante padrão mais braquiterapia melhorou significativamente as taxas de sobrevida livre de progressão em 2 anos (68% vs. 57% com placebo) e mostrou uma tendência inicial de melhor sobrevida global (87% vs. 81%, respectivamente).
A adição do inibidor de PD-1 no contexto de radioterapia de alta qualidade resultou em 11% a mais de pacientes potencialmente curados, o que levou a conclusão de que "os dados apoiam o uso de pembrolizumabe mais quimiorradioterapia como um novo padrão potencial de cuidado" em pacientes de alto risco.
Estudo 2: Regime de indução com carboplatina e paclitaxel
No segundo estudo, um regime de indução com carboplatina e paclitaxel semanal antes da quimiorradioterapia padrão, em comparação com a quimiorradioterapia isolada, levou a taxas significativamente melhores de sobrevida livre de progressão em 5 anos (73% vs. 64%) e sobrevida global (80% vs. 72%) em um grupo de mulheres de menor risco.
Essa estratégia de indução, que é viável em diferentes configurações de saúde, deve ser considerada o novo padrão no tratamento do câncer de colo do útero localmente avançado.
Impacto dos estudos
Ambos os estudos, conhecidos como KEYNOTE-A18 e INTERLACE, respectivamente, foram considerados "mudanças de prática" e representam os primeiros ensaios clínicos randomizados de fase III em mais de duas décadas a demonstrar benefício de sobrevida nessa população de pacientes.
Esses resultados são especialmente significativos porque os dois medicamentos utilizados nos estudos, pembrolizumabe e carboplatina, estão prontamente disponíveis, o que permite que os médicos considerem a implementação dessas estratégias de tratamento imediatamente.
Considerações finais
Os resultados desses estudos representam um avanço importante no tratamento do câncer de colo do útero localmente avançado. A integração de pembrolizumabe à quimiorradioterapia e o uso de um regime de indução com carboplatina e paclitaxel mostraram melhorias significativas nas taxas de sobrevida livre de progressão e sobrevida global.
Essas estratégias têm o potencial de se tornarem novos padrões de cuidado para mulheres com câncer de colo do útero recém-diagnosticado e localmente avançado, oferecendo melhores resultados e esperança para essa população de pacientes.
Fonte:
Lorusso D. "Pembrolizumabe plus quimioterapia para câncer de colo do útero localmente avançado de alto risco: estudo randomizado, duplo-cego, fase 3 ENGOT-cx11/GOG-3047/KEYNOTE-A18". ESMO 2023; Resumo LBA38.